Aneurisma é assintomático e muitas vezes fatal

Acredita-se que uma em cada 50 pessoas tem um aneurisma cerebral, uma dilatação anormal da parede da artéria que surge sem sinais e pode permanecer a vida toda sem ser percebido.

“O sintoma só ocorrerá no caso de distensão intensa ou ruptura do vaso, que provocará uma hemorragia”, explica Leandro Roberto Teles, membro da Academia Brasileira de Neurologia. Segundo estimativas, apenas 20% dos aneurismas intracranianos irão, em algum momento, sofrer ruptura.

Quando isso acontece, quase 50% dos pacientes morrem antes de chegar a um pronto atendimento ou nos primeiros 30 dias após o episódio. Dos que sobrevivem, metade terá que conviver com algum deficit neurológico permanente.

Problemas de saúde crônicos, como pressão alta e tabagismo, potencializam o perigo. “Isso acontece porque ajudam a enfraquecer ainda mais a parede do vaso”, salienta Paulo Porto de Melo, membro das sociedades brasileira e americana de neurocirurgia.

Mulheres

Existe a constatação de que a incidência é ligeiramente maior em mulheres do que em homens. “Até o momento, não há explicação científica para este fato”, sustenta Melo. E, embora o distúrbio possa acometer até bebês no útero, o mais comum é que apareça na quinta década de vida.

Algumas pessoas apresentam uma tendência aumentada para a ocorrência e para as complicações referentes ao problema. Nessa lista, além das mulheres, estão aqueles com familiares que sofreram com aneurisma (risco genético familiar), fumantes, hipertensos não controlados, alcoólatras, portadores de doenças do colágeno, de rins policísticos e de aterosclerose nos vasos, conforme explica Teles.

“O cigarro destrói as fibras de colágeno, que são fundamentais para conferir maior resistência à parede da artéria. O segundo maior fator de risco é a pressão arterial sem controle, já que a pressão alta distende a parede já frágil do vaso”, completa Melo.

Sem prevenção

“Infelizmente, o aneurisma não pode ser prevenido com medidas do dia a dia”, diz Maurício Mandel, membro da Sociedade Internacional de Neurocirurgia Minimamente Invasiva e da Sociedade Brasileira de Neurocirurgia. Ele enfatiza que o fator genético é o maior determinante para o distúrbio.

“Resta a atenção ao histórico familiar, a dores de padrão súbito e intenso e à presença de doenças associadas, como o rim policístico. Para tais pacientes, a descoberta em fase assintomática permite o tratamento preventivo para evitar o rompimento durante a vida”, afirma Teles.

De qualquer forma, ele recomenda manter vigilância sobre a pressão arterial e reforça que o ideal é evitar excesso de álcool e cigarro, ter uma boa alimentação, fazer exercícios físicos e dar atenção ao diabetes e colesterol.

Tratamentos

Classicamente, há dois tipos de terapia para os aneurismas cerebrais: cirurgia aberta e embolização por meio de cateterismo. Entretanto, existem alguns pacientes que só podem ser tratados com a primeira opção. Nas operações tradicionais, é feita uma grande incisão no couro cabeludo com abertura do crânio. E, então, uma espécie de clipe isola o aneurisma, impedindo a hemorragia.

Mas existe uma novidade: “Estamos desenvolvendo um protocolo de pesquisa para cirurgia minimamente invasiva por meio de um acesso pela pálpebra. A cicatriz some e o resultado estético é muito bom, com clipagem do aneurisma e praticamente nenhuma chance de sangramento. A alta se dá no dia seguinte”, diz Mandel.

Outra novidade, já utilizada fora do Brasil, é um dispositivo que também facilita a resolução do problema. “Trata-se de uma espécie de stent que recobre apenas a fragilidade da artéria por dentro. E, dessa forma, elimina o aneurisma e fortalece a região de fragilidade arterial”, conclui Melo.

Fonte: Uol Saúde