Apesar de seu envelhecimento natural, é importante atentar que o cérebro é um órgão que possui uma alta plasticidade. Ou seja, ele tem uma grande capacidade de se modificar conforme sua interação com o ambiente. Se ele for estimulado e se mantiver ativo, essas alterações causadas pelo envelhecimento serão mínimas, até mesmo imperceptíveis .
O segredo para manter o cérebro jovem é exercitá-lo. Alguns pesquisadores afirmam que o melhor exercício para o cérebro é estudar (pesquisas chegam a apontar que pessoas com nível educacional mais alto apresentam sinais mais leves de envelhecimento cerebral). “No entanto, é importante ressaltar que atividade intelectual não se refere ao nível educacional, mas sim à atividade mental como um todo. É preciso ser ativo mentalmente”, ressalta a neurologista Valéria Bahia.
Existem várias maneiras de exercitar o cérebro. “Leitura, jogos de tabuleiro, palavras-cruzadas, quebra-cabeça, e até cozinhar seguindo uma receita são exercícios que estimulam a parte cognitiva”, aponta a neurologista Gisela Tinone. Aprender a tocar um instrumento ou uma nova língua, escrever e iniciar uma nova atividade também são boas opções para manter o cérebro ativo.
Atividades sociais e de lazer também são importantes. Fazer amizades e compartilhar experiências, assim como assistir um filme ou uma peça teatral, visitar museus e viajar para conhecer novos lugares são ótimos estímulos para o cérebro. “Ler, discutir sobre uma notícia ou filme, frequentar seminários, teatro, cinema, e contar essas experiências propiciam uma boa atividade intelectual”, diz a neurologista Valéria Bahia.
Exercitar o cérebro não significa, no entanto, que o corpo deva ser negligenciado. Muito pelo contrário: a prática de atividade física regular associada à uma alimentação saudável é muito importante para a saúde cerebral. De acordo com estudos do Centro Bloomfield de Investigação do Envelhecimento, em Montreal, no Canadá, a realização de atividades físicas ajudam na produção de neurônios.”Além disso, os exercícios físicos ajudam a reduzir as probabilidades de desenvolver hipertensão, doenças cardíacas e diabetes, e também ajudam a evitar pequenos enfartes que afetam o fluxo sanguíneo para o cérebro e podem prejudicá-lo”, alerta David Schlesinger, neurologista do Hospital Albert Einstein de São Paulo.
O tabagismo e o consumo de bebida alcoólica também são fatores que podem acelerar o envelhecimento cerebral e prejudicar seu bom funcionamento. As substâncias químicas do cigarro e das bebidas alcoólicas causam a morte de muitos neurônios, além de trazer outros diversos prejuízos para a saúde que podem se refletir também no envelhecimento cerebral precoce.
Outro motivo para passar longe do cigarro e das bebidas alcoólicas é que eles são fatores de risco para lesão vascular. “Sedentarismo, tabagismo, diabetes e hipertensão arterial são os maiores fatores de risco para a lesão vascular. E a lesão vascular é a principal força de perda de funções cerebrais que pode ser modificada por comportamento”, enfatiza o neurologista David Schlesinger.
A tensão contínua também é um fator que agrava os danos causados pelo envelhecimento natural do cérebro. Pesquisadores da Universidade de Emery, em Atlanta, nos Estados Unidos, apontaram que os hormônios do estresse (CRF, cortisol e outros) prejudicam a saúde dos neurônios, modificando a composição química do meio em que essas células exercem suas funções. Se nos dias de hoje é praticamente impossível evitar o estresse, é preciso ao menos tentar minimizar seus efeitos ao máximo, buscando equilibrar trabalho e lazer e pensando sempre em seu bem-estar e na sua qualidade de vida. O seu cérebro agradece.
Fonte: Saúde UOL